segunda-feira 22 de dezembro

Cultura Brasileira em Destaque

O Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal, um dos principais eventos natalinos do Brasil, está prestes a realizar sua 22ª edição. Agendado para os dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, no Marco Zero do Recife, o espetáculo promete atrair uma plateia de até 70 mil pessoas. Com uma proposta que valoriza a cultura brasileira, o evento apresenta uma fusão de ritmos como maracatu, frevo e caboclinho, em vez dos tradicionais elementos natalinos como trenós e renas. A encenação busca abordar temas significativos como inclusão, solidariedade e desigualdade, em um formato que destaca a herança cultural dos povos indígena, negro e ibérico. Desde 2024, o Baile foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Pernambuco e, neste ano, contará com recursos de acessibilidade, tornando-o ainda mais inclusivo.

A origem do Baile remonta a 1983, quando o escritor Ronaldo Correia de Brito, junto com seus amigos Assis Lima e Antonio Madureira (Zoca), idealizou um auto de Natal ancorado na tradição da festividade mais antiga do Brasil. Com uma trajetória marcada pela inovação, a estreia da peça ocorreu no teatro, onde permaneceu em cartaz por oito anos consecutivos.

Ronaldo reflete sobre as transformações culturais que marcaram o país nas décadas de 1960 e 1980: “O Brasil foi invadido por uma nova colonização cultural, especialmente proveniente dos Estados Unidos e da Europa Central, que trouxe um Natal gelado. A celebração brasileira, com suas raízes ibéricas, recuou diante dessa apropriação comercial, que expulsou os protagonistas tradicionais, Maria e o Menino Jesus”.

As inspirações para o espetáculo vêm das ricas tradições culturais populares, incluindo brincadeiras tradicionais e autos natalinos de folia de reis, guerreiro e bumba meu boi. O texto é fundamentado na dramaturgia do reisado, enquanto a trilha sonora reflete as canções típicas dessas representações.

Novidades na Edição de 2025

A edição de 2025 promete surpresas, incluindo a participação do sanfoneiro Flávio Leandro na cena do pastoreio do boi. A cantora Joyce Alana, finalista do Grammy Latino, fará sua estreia no Baile, enquanto o dançarino Dimas Popping irá inovar ao mesclar a dança do popping, popularizada por Michael Jackson, com elementos do Hip-Hop, caboclinho e frevo.

Flávio Leandro, um dos grandes nomes do forró, e o Maestro Spok, respeitado por sua contribuição ao frevo e ao jazz, se juntam ao time de artistas que trazem atualizações em cenas, arranjos e personagens, aumentando a vivacidade do espetáculo. Este ano, a montagem foi apresentada em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, com um cortejo que envolveu mais de 300 artistas dos ciclos natalino e carnavalesco. Uma novidade adicional é a produção de um especial que será disponibilizado em uma plataforma de streaming.

O Impacto da Lei Rouanet

Desde 2004, o Baile do Menino Deus faz parte do calendário cultural do Marco Zero, reconhecido como um dos principais palcos a céu aberto do Recife. O projeto também se desdobrou em um filme e um livro paradidático, adotado pelo MEC, que já teve uma tiragem de 700 mil exemplares, inspirando montagens em diversas regiões do Brasil.

Financiado através da Lei Rouanet, o espetáculo deste ano recebeu autorização do Ministério da Cultura (MinC) para captar R$ 3,33 milhões. Henilton Menezes, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, ressaltou a diversidade dessa lei: “O Baile do Menino Deus é um exemplo histórico e popular que reúne anualmente uma multidão de recifenses, demonstrando como a Lei Rouanet é plural e vital para o fortalecimento do setor cultural no Brasil”.

Para Ronaldo, a influência da Lei Rouanet foi crucial para a realização do projeto: “A entrada dessa lei representou uma mudança significativa. Ela permitiu que atraíssemos patrocinadores de fora do Nordeste. A Rouanet é essencial para que o Baile mantenha sua essência, consolidando-se como o maior espetáculo natalino do país”, conclui.

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