sábado, novembro 1

Um Palco de Inspiração e Capacitação

O 10º Congresso Nacional das Mulheres do Agro (CNMA) se consolidou como um importante espaço de visibilidade e capacitação para as mulheres que desempenham papéis fundamentais no agronegócio brasileiro. Realizado no Transamérica Expo Center, o evento, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pela Bayer, celebrou uma década de conquistas e histórias inspiradoras sob a temática de inovação, sustentabilidade e equidade. A MundoCoop, como mídia parceira do CNMA, esteve presente para acompanhar de perto os principais destaques e insights do evento.

A abertura do congresso foi conduzida por Gislaine Balbinot, diretora executiva da ABAG, que enfatizou a importância de investir em conhecimento e oportunidades. “Promover a equidade de gênero é também um caminho para apoiar o desenvolvimento sustentável do agro. A ciência e a pesquisa são fundamentais para o avanço do setor”, destacou Balbinot, ressaltando o papel vital da educação na transformação do agronegócio.

Na sequência, Tirso Meirelles, presidente do Sistema FAESP/Senar-SP, abordou a relevância das mulheres rurais na modernização da agropecuária: “Elas possuem uma visão diferenciada do universo agro, apresentando novos insights para superar os desafios do setor”, afirmou. O painel de abertura, intitulado “Brasil, o país que muda o mundo para melhor!”, foi mediado por Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV, e contou com a participação de figuras influentes como a senadora Tereza Cristina e a diretora do MAPA, Ângela Peres. Rodrigues destacou o impacto do Brasil na agenda ambiental global, especialmente com a aproximação da COP30.

O Agro como Motor de Transformação

Para Tereza Cristina, o agronegócio nacional é um verdadeiro motor de transformação. “As mulheres estão cada vez mais atentas ao potencial do agro. O setor é um vetor de mudanças significativas”, afirmou. Ângela Peres, por sua vez, ressaltou a atuação das brasileiras no cenário internacional. “Apesar das barreiras em alguns mercados, estamos abrindo mais de 460 oportunidades para o produtor rural brasileiro”, comentou. Guilherme Piai, secretário de Agricultura de São Paulo, apontou um desafio importante: apenas 10% do agronegócio está segurado, o que reforça a necessidade de democratizar o acesso ao seguro rural e fortalecer o papel das cooperativas, que reúnem mais de 200 entidades e 180 mil cooperados.

Em comemoração aos dez anos do CNMA, foi lançado o livro “De Semente a Legado: Os 10 anos do CNMA”, escrito por Flávia Tonin e Vera Ondei, com apoio de Renata Camargo. A obra reitera a importância do evento na ampliação da visibilidade feminina em diversas áreas do agronegócio, incluindo campo, gestão, pesquisa e ciência.

Sustentabilidade em Foco

A sustentabilidade foi um dos temas centrais do CNMA, em especial no painel “Mulheres que movem o agro: influência além do campo”, com a participação de Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, e Renata Fernandes, gerente de Sustentabilidade da Elanco Brasil. Aline destacou que a nova lógica produtiva do agronegócio prioriza a consciência ambiental e a sustentabilidade nas relações econômicas. Já Renata enfatizou que, embora 56% dos médicos veterinários sejam mulheres, ainda existem barreiras de acesso à educação e liderança. “Não se trata apenas de produção e sustentabilidade; o futuro exige que ambos conceitos caminhem juntos”, afirmou.

No segmento da Trilha Proteína Animal, José Luiz Tejon, professor e membro editorial da Revista MundoCoop, debateu a economia circular com Raquel Pinheiro, consultora em Fertilizantes Organominerais, e Talita de Santana Matos, engenheira de desenvolvimento de produto. Raquel destacou a tendência de atribuir valor a produtos independentemente de sua origem, enquanto Talita ressaltou os desafios relacionados a custos e a importância da agricultura regenerativa. “Precisamos direcionar mais atenção a essa abordagem”, concluiu.

Reconhecimento e Oportunidades

Um dos momentos mais aguardados do evento foi a entrega do 8º Prêmio Mulheres do Agro, uma iniciativa da Bayer em parceria com a ABAG. O CEO da Bayer, Marcio Santos, enfatizou a relevância do prêmio em dar visibilidade a histórias inspiradoras. “Este prêmio valoriza narrativas que merecem ser conhecidas”, afirmou. Malu Weber, vice-presidente da Bayer, acrescentou que mais de 80% dos entrevistados reconhecem a criatividade superior das mulheres, afirmando que reconhecer a gestão feminina é um passo fundamental para impulsionar o futuro do agronegócio.

O congresso também incluiu um painel denominado “Todas: Conectando Mulheres”, no qual lideranças femininas de diversas instituições, como Geni Schenkel (Agroligadas) e Juliana Farah (Semeadoras do Agro), debateram a importância da união e da sororidade entre mulheres no setor. Juliana destacou que possuir as ferramentas necessárias não basta; é fundamental acreditar na capacidade de empreender e liderar os negócios. Maria Antonieta, por sua vez, enfatizou que, apesar do progresso, ainda há desafios relacionados à segurança das mulheres no agronegócio.

Perspectivas Futuras

Mais que um simples congresso, o CNMA 2023 reafirmou a posição das mulheres como forças transformadoras no campo, conectando inovação, ciência e sustentabilidade. O evento, que se estendeu até o dia 23 de novembro, projetou o agronegócio brasileiro como uma peça fundamental na construção de um futuro mais justo, produtivo e sustentável.

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