segunda-feira 22 de dezembro

Crescimento do Rendimento Informal

A transformação nas entregas por meio de marketplaces está mudando a dinâmica do mercado de trabalho em Belo Horizonte. Com faturamentos que podem alcançar até R$ 12 mil mensais, essa modalidade atrai ex-trabalhadores com carteira assinada em busca de maior flexibilidade e autonomia financeira. O impacto positivo nas rendas informais masculinas em Minas Gerais, que cresceram 2,2% em 2024, destaca a relevância dessa mudança nas ocupações, segundo dados recentes.

A movimentação diária na capital mineira é visível, com entregadores em ação, frequentemente sem identificação, realizando entregas em residências e condomínios. Uma atividade antes monopolizada pelos Correios agora se tornou uma alternativa de renda significativa para pessoas cadastradas em plataformas como Amazon, Mercado Livre e Shopee.

Um exemplo claro dessa nova realidade é Jaderson Barbosa dos Santos, de 43 anos, que passou duas décadas como motorista de maneira formal. Há cerca de um ano, ele decidiu se tornar entregador autônomo da Amazon. Com um veículo próprio, Jaderson conseguiu uma alteração radical em sua trajetória profissional e, em meses favoráveis, alcançou um faturamento de até R$ 12 mil – um valor que supera em até três vezes o salário que recebia anteriormente.

Atualmente, ele realiza entre 30 e 60 entregas por dia, considerando essa atividade como sua única fonte de renda. Apesar de arcar com gastos mensais em torno de R$ 2.500 com combustível, o rendimento líquido ainda é superior ao que obtinha como funcionário CLT. Além disso, Jaderson menciona que a liberdade financeira que conquistou antecipou um plano que pretendia realizar apenas aos 45 anos.

Dados Revelam Avanços e Desafios

Esses relatos de transformação profissional encontram suporte nos dados divulgados pela Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, que mostram que o único grupo com aumento no rendimento médio em 2024 foi o de homens em trabalhos informais, enquanto o rendimento médio das mulheres em ocupações informais caiu em 1,2%. Em contrapartida, no mercado formal, tanto homens quanto mulheres enfrentaram quedas em seus rendimentos, com reduções de 0,5% e 5,3%, respectivamente.

A pesquisa do IBGE considera diversas ocupações informais, abrangendo empregados sem carteira, trabalhadores autônomos, entre outros. Além do aspecto financeiro, Jaderson enfatiza que a flexibilidade de horários e a ausência de um chefe direto foram fatores decisivos para sua escolha em abandonar o emprego formal.

Por outro lado, Augusto Cruz, de 34 anos, que atua como entregador para a Shopee desde 2023, aponta que a dinâmica da concorrência tem dificultado as coisas. Ele relata que, atualmente, realiza entre 100 e 120 entregas por dia, mas enfrenta um aumento considerável na competição, que tem reduzido as oportunidades para cada motorista. A decisão de aumentar o número de entregadores cadastrados se refletiu na necessidade de rodízio, o que diminui as chances de cada um.

Para complementar sua renda, Augusto também faz corridas por aplicativo, o que lhe proporciona um adicional de cerca de R$ 150 por dia, o que ajuda a cobrir os custos com combustível e mantém sua atividade de entregador sustentável financeiramente.

Perspectivas para Entregadores

Segundo informações da Shopee, atualmente, a plataforma conta com cerca de 45 mil motoristas parceiros em todo o Brasil. Tiago Freddi, responsável pela logística da empresa, destaca que aproximadamente 80% da renda mensal dos motoristas é proveniente da plataforma. Muitos deles relatam avanços significativos, como a compra de veículos, imóveis, e até melhorias na saúde e educação.

Para o casal Flora Fonseca, de 27 anos, e João Paulo Marsicano, de 28, as entregas no Mercado Livre têm sido uma forma eficaz de complementar a renda. Com rotas curtas e jornadas de quatro horas, eles conseguem arrecadar em média R$ 2 mil por mês, optando por pagamentos que variam entre R$ 120 e R$ 280, sempre avaliando a viabilidade financeira das rotas. No entanto, eles veem essa atividade como algo temporário.

As plataformas de entrega exigem que os candidatos possuam Carteira Nacional de Habilitação categoria B válida, um veículo em boas condições e a capacidade de emitir nota fiscal através de CNPJ ou MEI. Embora os requisitos possam variar conforme a empresa e a região, essas exigências são fundamentais para quem deseja se integrar a esse novo mercado de trabalho.

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