sexta-feira, outubro 24

Mesa-redonda na Ufopa discute o papel do turismo na valorização da cultura amazônica

Na manhã desta quarta-feira (22), o Auditório NTB, localizado no Campus Tapajós da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), foi palco da mesa-redonda intitulada “História e Turismo: instrumentos de preservação e desenvolvimento social na Amazônia”. O evento, que reuniu pesquisadores, estudantes e gestores públicos, teve como objetivo refletir sobre como o turismo pode servir para fortalecer a identidade da região amazônica e as comunidades locais, através do conhecimento de sua rica história e cultura.

A mesa-redonda foi parte da programação da V Semana Acadêmica de História, uma iniciativa promovida pelo Centro Acadêmico de História da Ufopa (Cahis). O debate contou com a presença da professora Elcivânia de Oliveira Barreto, geógrafa e turismóloga; do estudante de História e criador do projeto Encantos do Maicá, Jonielson Ferreira; e do secretário municipal de Turismo de Santarém, Emanuel Júlio Leite. A mediação do encontro ficou a cargo de Clayton Ferreira.

A professora Elcivânia Barreto enfatizou a importância de um modelo de turismo que atenda às realidades locais, sugerindo que as experiências oferecidas devem promover aprendizado e imersão cultural. “As pessoas não vêm a Santarém para ir ao shopping. O que o shopping conta sobre a nossa história? O turismo deve ser um convite para um mergulho nas culturas e nas narrativas locais, permitindo que a viagem se transforme em uma experiência de descoberta e pertencimento”, afirmou.

Para Elcivânia, entender as dimensões históricas e geográficas dos territórios é fundamental para que o turismo seja uma ferramenta eficaz de educação e valorização cultural. Ela criticou o que chamou de turismo “espetacularizado”, que ignora as identidades locais e propõe uma abordagem mais respeitosa e integrada.

Em consonância com essa perspectiva, o secretário Emanuel Júlio Leite ressaltou a relevância do papel do poder público na preservação de espaços históricos e no fomento ao turismo de base comunitária. Ele destacou ações da gestão municipal em revitalizar e valorizar os espaços públicos, citando como exemplo a recuperação da Praça Fortaleza do Tapajós (Mirante) e as obras planejadas para a Praça Rodrigues dos Santos. “Manter esses espaços é uma maneira de resgatar nossa história e valorizar nossa identidade. Nos últimos dez meses, já visitamos 15 comunidades ribeirinhas e desenvolvemos projetos em quatro delas, capacitando cerca de 900 pessoas em Santarém”, informou Emanuel, que também anunciou planos para um grande Réveillon em Alter do Chão e a realização do próximo Congresso Nacional de Turismo de Base Comunitária no ano seguinte.

O secretário mencionou ainda o projeto Domingo de Lazer, que promove atividades culturais em praças da cidade, além de incentivar a economia criativa e fortalecer o sentimento de pertencimento da população. “Com sete edições já realizadas, o Domingo de Lazer visa valorizar os espaços públicos e aproximar as pessoas por meio da cultura e da sociabilidade. Queremos que a comunidade se reconheça nesses locais, sinta orgulho de sua história e crie boas memórias”, explicou.

Além disso, Emanuel também falou sobre iniciativas como o Sairé e a criação da Casa Santarém, um espaço dedicado à valorização da história local, que inclui estandes, oficinas e apresentações artísticas. Essas ações demonstram o potencial do município em integrar turismo, cultura e memória, promovendo a identidade santarena e a participação ativa das comunidades locais.

Em sua participação, o estudante Jonielson Ferreira apresentou o projeto Encantos do Maicá, que busca integrar turismo, educação ambiental e valorização da memória. “Este projeto foi idealizado pelos moradores da região para defender o território, gerar renda e preservar o meio ambiente. Iniciamos com oficinas de história oral e, gradualmente, ampliamos para a formação de condutores turísticos, feiras agroecológicas e capacitações em produção sustentável”, afirmou.

Jonielson também enfatizou o envolvimento de coletivos de mulheres e produtores locais, destacando o turismo como uma ferramenta de autonomia e inclusão social. “Nosso foco não é apenas em embelezar a realidade, mas em apresentar o modo de vida das pessoas em sua essência. Por isso, todos os agendamentos são realizados com antecedência, para que não impactem a rotina dos moradores”, concluiu.

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