sexta-feira, novembro 7

Iniciativa Brasileira para Enfrentar a Crise Climática

No último sábado (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, em evento na Malásia, que o Brasil está prestes a lançar um novo modelo internacional de financiamento climático, voltado para a conservação dos recursos naturais, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Este importante encontro está agendado para acontecer a partir do dia 10 de novembro, em Belém.

“O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será apresentado na COP30, tem como objetivo remunerar os serviços ecossistêmicos que o planeta tanto necessita. As universidades, por sua vez, continuarão a ter um papel crucial no enfrentamento da crise climática. É imprescindível que suas advertências sobre os riscos ambientais sejam ouvidas com a seriedade que merecem”, enfatizou Lula durante sua fala.

A proposta do governo brasileiro surge como uma alternativa à escassez de recursos para a transição energética sustentável e planejada, especialmente após uma década do Acordo de Paris. Este tratado internacional, instaurado em 2015, visa mitigar as alterações climáticas e seus efeitos colaterais devastadores.

Lula alertou que, na busca desenfreada por lucros, muitos esquecem a relevância de cuidar do meio ambiente. Ele destacou que as mudanças climáticas têm o potencial de empurrar mais 132 milhões de pessoas para a extrema pobreza até 2030. O presidente reiterou que, passados dez anos desde a assinatura do Acordo de Paris, os recursos para uma transição justa e planejada ainda são escassos e, acima de tudo, o tempo está se esgotando para corrigir os rumos que estão sendo tomados.

Financiamento Climático e Proteção das Florestas

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) propõe uma compensação financeira aos países que se comprometem a conservar suas florestas tropicais. Vale lembrar que, em setembro, durante um evento em Nova York, Lula anunciou que o Brasil irá destinar aproximadamente US$ 1 bilhão para apoiar este fundo, um passo significativo na luta global contra as mudanças climáticas.

Este novo mecanismo de financiamento conta com o apoio de mais de 70 países em desenvolvimento que possuem florestas tropicais, todos aptos a acessar os recursos disponíveis para a conservação ambiental.

A COP30: Um Momento de Verdade e Ação

À medida que a COP30 se aproxima, Lula se refere a ela como a “COP da verdade”, afirmando que é a hora de o Brasil reafirmar seu compromisso com a luta contra as mudanças climáticas. “Este será um momento crucial para deixar de lado a ganância extrativista e agir com base em evidências científicas“, declarou o presidente.

Durante seu discurso na Universidade Nacional da Malásia, ele criticou a situação atual, onde menos de 70 países apresentaram novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa nas chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Lula chamou a atenção para a necessidade de um maior engajamento global no combate às mudanças climáticas, afirmando que, dentre os países com maiores emissões, apenas 14 cumpriram suas obrigações.

Ponto de Não Retorno e a Realidade Atual

A meta estabelecida em 2015 de limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais será um dos principais pontos de discussão durante a COP30. No entanto, Lula expressou preocupações de que a superação desse limite se torne inevitável. “Os dados são alarmantes. As evidências sugerem que, mesmo se as NDCs atuais forem seguidas, o planeta deverá ultrapassar esse limite”, alertou.

O presidente enfatizou a urgência em evitar esse aumento de temperatura, ressaltando que, segundo a ciência, os ecossistemas do planeta correm o risco de sofrer transformações irreversíveis. “Pesquisadores identificaram que a morte generalizada de recifes de corais quentes pode ser um dos primeiros pontos de não retorno que a humanidade poderá ultrapassar. Da mesma forma, a destruição das florestas tropicais representa um ponto vital que devemos evitar a todo custo”, concluiu.

Por fim, Lula sublinhou que na Amazônia vivem 30 milhões de pessoas que merecem viver com dignidade e que suas vozes devem ser ouvidas nas discussões globais sobre mudanças climáticas.

Agenda na Malásia

O presidente Lula permanece na Malásia até a próxima terça-feira (28), onde se encontrará com empresários locais e representantes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Neste domingo (26), há a expectativa de que ele se reúna com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o intuito de discutir soluções para as tarifas sobre produtos brasileiros importados pelos empresários norte-americanos.

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