terça-feira, dezembro 2

Críticas à Inércia Global e à Necessidade de Justiça

No último sábado (25), durante uma cerimônia na Universidade Nacional da Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à continuidade da guerra em Gaza e à falta de ação global na criação do Estado palestino. O evento, que ocorreu em Putrajaya, capital administrativa da Malásia, marcou a entrega do título de doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global ao presidente brasileiro.

Lula enfatizou que as universidades ao redor do mundo têm se manifestado contra a brutalidade do que chamou de genocídio em Gaza, assim como por uma inércia moral que tem atrasado a criação de um Estado palestino. “Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade”, ressaltou durante seu discurso.

O presidente também abordou a questão econômica, declarando que o aumento de tarifas comerciais não pode ser utilizado como uma forma de coerção internacional. “Nações que não se submetem ao colonialismo e às dicotomias da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, afirmou Lula, fazendo referência a um aumento de 50% nas tarifas de importação sobre produtos brasileiros, implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em agosto.

Defesa do Multilateralismo e Reformas Necessárias

Em seu discurso, Lula defendeu a importância do multilateralismo e a necessidade de reformas nos organismos internacionais, destacando o papel do Sul Global na promoção da justiça e superação das desigualdades. Segundo o presidente, “a defesa de uma ordem baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas”.

Lula advertiu que, sem uma representação adequada, o Conselho de Segurança das Nações Unidas permanecerá inoperante e incapaz de enfrentar os desafios contemporâneos. Em relação à economia, o presidente considerou inaceitável que os países desenvolvidos possuam um poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) nove vezes superior ao dos países do Sul Global, que incluem nações da América Latina, Ásia e África, historicamente marcadas por colonialismo e desigualdades.

“O protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) criam uma situação de assimetria insustentável para o Sul Global”, argumentou. Para Lula, é fundamental interromper mecanismos que perpetuam a desigualdade, que financiam um mundo desenvolvido às custas de economias emergentes. “Não podemos imaginar um futuro diferente sem desafiar um modelo neoliberal que exacerba as desigualdades sociais”, completou.

Agenda do Presidente até a Próxima Terça-feira

O presidente Lula seguirá no país até a próxima terça-feira (28), ocasião em que se reunirá com empresários da Malásia e do bloco ASEAN, que congrega países do Sudeste Asiático. Neste domingo (26), ele tem uma agenda marcada com Donald Trump, na busca de soluções para as tarifas impostas aos produtos brasileiros. Este encontro poderá marcar um ponto chave nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em um período de tensões comerciais crescentes.

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