Impacto Potencial da Moeda Comum do Brics
A proposta de criação de uma moeda comum entre as nações do Brics — um grupo composto por 11 países, incluindo o Brasil — pode ter um efeito profundo na economia dos Estados Unidos. Essa visão é compartilhada por Frank-Jürgen Richter, ex-diretor do Fórum Econômico Mundial, que analisa a viabilidade desse projeto e suas consequências. Em sua avaliação, a implementação dessa moeda não ocorrerá rapidamente, dependendo da harmonização entre duas das principais potências do bloco: China e Índia. ‘Para que isso aconteça, essas nações precisam resolver suas divergências. Se conseguirem, em um prazo de quatro a cinco anos, isso poderá representar um sério desafio para a economia americana’, afirmou Richter em entrevista à CNN Brasil.
A relação entre a China e a Índia, embora crítica para o sucesso da moeda comum, é marcada por tensões, particularmente em questões territoriais. Apesar das disputas, a interdependência econômica entre os dois países continua a crescer, criando um cenário complexo para a criação de uma nova moeda.
Visita ao Brasil e Conferência Global
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Richter esteve recentemente no Brasil para liderar o décimo encontro do Horasis, uma organização internacional que ele fundou em 2005, após sua passagem pelo Fórum Econômico Mundial. O evento, realizado na Universidade de São Paulo, contou com a participação de cerca de 500 pesquisadores e empresários de renome mundial, destacando a relevância das discussões sobre novas dinâmicas econômicas.
Durante a conferência, o ex-diretor abordou a preocupação de líderes como o ex-presidente Donald Trump em relação ao domínio do dólar americano, que atualmente é a moeda de reserva mundial. ‘O dólar é utilizado na maioria dos contratos de petróleo e commodities, e essa hegemonia pode ser ameaçada por uma nova moeda’, enfatizou Richter.
A Visão do Presidente Lula
A discussão sobre o papel do dólar na economia global tem sido uma constante na agenda do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que defende a necessidade de uma alternativa financeira. O ex-diretor Richter comentou sobre o interesse de países como Rússia, Irã e Brasil nessa questão, que poderia, no futuro, enfraquecer a soberania financeira dos Estados Unidos, já sob pressão da expansão chinesa.
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Além disso, em janeiro deste ano, Trump chegou a ameaçar impor tarifas de até 100% sobre as nações do Brics que buscam adotar uma moeda alternativa ao dólar americano. Para Richter, a perda de relevância do dólar poderia comprometer a estrutura financeira dos EUA, que depende fortemente da emissão de títulos e empréstimos para sua estabilidade econômica. ‘Os Estados Unidos são o país mais endividado do mundo, e essa situação torna difícil até mesmo o pagamento de seus funcionários públicos’, acrescentou.
Desafios da Implementação da Moeda Comum
Dentro do Brasil, a defesa de uma moeda comum enfrenta resistência, mesmo entre os líderes que estão diretamente envolvidos nas discussões. Maurício Prazak, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Relações Internacionais e membro do Conselho Empresarial do BRICS+, confirmou que a ideia de uma moeda comum tem sido debatida por anos, mas ainda é considerada um tabu. ‘Atualmente, as discussões se concentram mais na integração comercial e na cooperação financeira utilizando moedas locais, além do fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)’, destacou Prazak.
Ele também levantou preocupações sobre os potenciais desafios e riscos associados à implementação de uma moeda conjunta, que poderia incluir problemas em momentos de crises internas, além das disparidades cambiais e de poder entre os países membros do Brics.
Avanços em Sistemas de Pagamento
Enquanto a discussão sobre uma moeda comum se arrasta, o Brics Pay, uma proposta de sistema de pagamento digital, tem avançado. Conhecido como o ‘Pix do Brics’, o sistema está sendo liderado pelos russos, que desenvolveram um aplicativo no ano passado. Prazak mencionou que, com o Brasil na presidência do bloco, estão sendo feitos esforços para evitar desconfortos nas relações comerciais com outros parceiros, incluindo os Estados Unidos.
O Brics Pay, no entanto, ainda está em fase de testes e adaptação aos formatos de pagamento de cada país. As discussões atuais incluem a possibilidade de uma maior integração entre os sistemas de pagamento ou até mesmo uma alternativa ao SWIFT, visando facilitar transações financeiras entre as nações do bloco.